sexta-feira, 15 de outubro de 2010

crônica do morto-vivo

Em meio às campas encontrei o meu descanso,
Em meio aos túmulos alheios o encontrei;
Há muito procurava um fim sereno e manso,
E, de tanto buscá-lo, à morte me entreguei.

Promessa de paz foi aquele doce encanto,
Que me atraiu para obscuro cemitério.
Só a Moira, boa e vil velha, ouviu meu pranto,
Cortou o meu fio e me lançou ao véu etéreo.

Junto aos meus queridos ancestrais durmo eu,
Pensando em toda a crueldade que sofri
E sabendo que sou uma alma que aprendeu:

Viva! Apesar de triste, como vivi,
E só a mim ocorrer o quanto isso doeu,
Eu já lamento, pois muito cedo morri.

Um comentário:

Gabriel Mantelli disse...

Sinto cheiro de Augusto. O dos Anjos lá.